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SOS Amazônia promove curso de cooperativismo na Flona do Purus

Depois de 11 horas navegando o rio Purus e igarapé Mapiá, a equipe técnica da SOS Amazônia, por meio do projeto Valores da Amazônia (selecionado no âmbito da Chamada Pública de Projetos Produtivos Sustentáveis do Fundo Amazônia) chegou à Vila Céu do Mapiá, localizada na Floresta Nacional do Purus (Flona do Purus), município de Pauini, AM, para realizar curso de Cooperativismo e Gestão, destinado aos produtores e extrativistas da Flona e da Resex Arapixi.


A iniciativa teve por objetivo promover o perfil cooperativista entre os produtores e fortalecer a estrutura organizacional da Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar), com ênfase na consolidação do processo de autogestão.


Com carga horária de 48 horas, o curso foi ministrado no período de 30 de novembro a 5 de dezembro, pelo especialista em Marketing e em Gestão de Cooperativas, Adriano Trentin Fassini, superintendente do Sistema OCB/AM.


“Durante seis dias debatemos cooperativismo e gestão com um grupo de cooperados e lideranças ávidas por conhecimento, com grandes perspectivas de aprimoramento e implementação de projetos de produção. A Cooperar desenvolve intensos esforços na região do Mapiá e Médio Purus para promover geração de renda e agora busca, por meio do projeto Valores da Amazônia, se organizar para possibilitar a participação qualificada das famílias cooperadas e das comunidades no processo de autogestão”, explicou Adriano.


Dona Eliana Lúcia, da Vila Céu Mapiá, destacou durante o curso a importância da união entre os sócios da cooperativa para a realização de um sonho coletivo, que é o avanço econômico da Cooperar e de seus associados.


“Cooperativismo é uma economia solidária e participativa, a união de todos para a comercialização dos nossos produtos. Este curso está empoderando os cooperados para que cada um tenha consciência do seu papel e que saiba que ele não é o fornecedor, mas sim o dono da cooperativa. Fazer essa reflexão facilita para que todos tenham mais o pé no chão, despertando no cooperado a busca por uma estrutura que organize a produção e a comercialização”, disse dona Eliana.


Ela falou ainda sobre a assessoria técnica da SOS Amazônia na região. “Eu acho o papel da SOS Amazônia como uma grande ponte para termos agora uma nova postura com relação a nossa vida comunitária, nossa vida de floresta. A SOS Amazônia é uma ponte para darmos continuidade a essa preservação da floresta, a termos segurança alimentar, com uma produção limpa, sem agrotóxico”, comentou.


Divididos em dois módulos, os temas abordados foram: Introdução ao Cooperativismo; Estrutura e funcionamento de uma cooperativa; Gestão e governança de cooperativa; Participação, direitos e deveres dos associados de uma cooperativa; A cooperação e a atuação dos associados na cooperativa e no mercado; A importância da comunicação e da educação cooperativista nas cooperativas; A cooperativa como sistema social e sua estrutura de poder; O processo de constituição, funcionamento e sustentabilidade de cooperativas; Técnicas e práticas sobre organização, administração e operação de uma sociedade cooperativa; Planejamento participativo de uma cooperativa; Como criar valor para os produtos e serviços das cooperativas a partir dos seus princípios, valores e natureza societária.


Mais depoimentos:

“O curso foi muito bom, aprendemos a importância de estarmos organizados para poder aumentar nossa produção e valorizar também nossos produtos. Com certeza quero fazer parte da cooperativa e buscar melhorias para todos nós” (Jovem produtor de cacau da Resex Arapixi, Ralide Rodrigues de Maria).


“A produção está iniciando agora e capacitações como esta pode dar o impulso que estávamos precisando, ter meios de produzir e também de explorar a floresta com sustentabilidade. Eu acho interessante a filosofia da SOS Amazônia que é a de tentar manter a floresta em pé. Todas as ações em defesa da floresta, desde o início da sua história, com Chico Mendes, e hoje desenvolve um trabalho nas comunidades visando a conservação da natureza, da biodiversidade. Então eu acho interessante essa proximidade com a nossa comunidade e a nossa cooperativa justamente porque a SOS Amazônia visa a sustentabilidade”. (Edilson Dorneles, Vila Céu do Mapiá)


“O pessoal ficou bem animado e engajado, o curso surtiu o efeito de despertar o interesse das pessoas pela cooperativa. Nós estamos numa fase de reorganização produtiva do cacau e com a possibilidade de poder avançar na proposta do empreendimento dos óleos vegetais. E essa reforma institucional que começamos a fazer é um grande resultado. O Adriano da OCB é um profissional muito capacitado, atendeu bem as expectativas de todos. Agora vamos trabalhar muito para manter esse ânimo, para poder avançar ainda mais”, (Alexandre Lins, presidente da Cooperar)


“O curso de cooperativismo é uma das coisas mais importantes para fortalecer nossa produção. No tempo do padrinho Sebastião ele já falava para nós que ia acontecer isso. A cooperativa trouxe uma sabedoria imensa para nós, clareou as nossas ideias de cooperação, de harmonia, de companheirismo. Ela nos trouxe capacitação, a gente mexia com plantas, mas não sabia tecnicamente como fazer. Nesses seis dias que participei eu já me descasquei tipo um mulateiro" - disse seu Camilo afirmando que se renovou igualmente a um pé de mulateiro, que renova a sua casca uma vez por ano. (Antônio Camilo, extrativista da Flona do Purus, é um dos maiores produtores de cacau da região e muito engajado em atividades cooperativistas).


Projeto Valores da Amazônia

O projeto Valores da Amazônia foi selecionado no âmbito da Chamada Pública de Projetos Produtivos Sustentáveis do Fundo Amazônia, no valor de R$ R$ 9.993.000,00, para Estruturação, Fortalecimento e Integração das cadeias de valor de produtos florestais não madeireiros nos estados do Acre e Amazonas.


Com duração de 36 meses, a iniciativa tem por objetivos disseminar e apoiar iniciativas empreendedoras em nove instituições aglutinadas com vistas à geração de trabalho e renda, por meio do desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas dos óleos vegetais (murmuru, buriti, cocão), cacau silvestre e borracha, em seis municípios do estado do Acre e quatro do estado do Amazonas.


Dentre os serviços que vão ser realizados pelo projeto, está o fortalecimento organizacional das nove entidades beneficiárias e da Rede de Apoio às Cadeias de Valor; Assistência Técnica e Extensão Rural e Florestal (ATERF) às entidades beneficiárias e produtores; visitas de intercâmbio a experiências inovadoras e bem sucedidas relacionadas às cadeias de valor; mapeamento das áreas e elaboração dos Planos de Manejo Simplificados para os produtos florestais não madeireiros; Certificação dos Produtos e Empreendimentos (orgânica, mercado justo e extrativismo); e estudos de mercado e promoção comercial dos produtos.


O Valores da Amazônia tem a coordenação geral do engenheiro florestal, Alisson Maranho, MSc. Coordenação Regional: Márcio Lima, engenheiro agronômo.


É realizado com recursos financeiros do Fundo Amazônia/BNDES | Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior | Ministério do Meio Amabiente | Governo Federal.


Municípios beneficiados com o Projeto no Acre e no Amazonas: Acre: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Walter, Tarauacá e Feijó. Amazonas: Boca do Acre, Pauini, Lábrea e Silves.

Página do projeto.

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