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Brigadas Amazônia 2020 atua em Feijó


Khelven Castro 


             Atuando em Feijó no Acre, o Brigadas Amazônia, em parceria com o Corpo de Bombeiros e suporte do WWF-Brasil e de doações voluntárias da sociedade civil, ajuda no combate direto do fogo no perímetro urbano e rural da região. Feijó, um dos 22 municípios localizados no estado do Acre com uma população estimada de 31.288 habitantes, sendo o terceiro município mais populoso do estado, é um dos que mais queimam durante o período de seca (i.e. junho a outubro). Em 2020, conforme o Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente da Universidade Fedeferal do Acre, com mais de 35.000 hectares de área queimada, representando um aumento em torno de 30 % em relação a 2019, o município ocupou a 2° posição dentre os municípios do estado com maior área de cicatriz de queimada.

             O sargento Diego Soares, comandante interino do corpo de bombeiros de Feijó e um dos supervisores dos brigadistas, ressalta a importância da atuação dos novos integrantes, “Nessa guarnição somos quatro militares, quando chega final de março até outubro, as ocorrências de incêndios florestais triplicam. Com mais quatro integrantes da brigada ajudando facilita a eficiência do trabalho”, comenta.

             O projeto atua também no âmbito educacional, na conscientização dos moradores de Feijó, diminuindo assim as taxas de queimadas e/ou incêndios no perímetro urbano. Rondas educativas saem no final da tarde, pois de acordo com o sargento, esse é o horário que as pessoas fazem mais queimadas no fundo de quintal. Por conta da fumaça, essa é o tipo de queimada que mais afeta a população do município. Essa atitude fez com que houvesse uma baixa nas queimadas em zona urbana.

zona de queimada 

Brigadista


              Juntos agimos contra o desmatamento e queimadas na Amazônia. Temos de ser incansáveis nesse cuidado com a Floresta, cada um fazendo a sua parte. Em tempos de pandemia o problema fica ainda mais delicado, podendo ocasionar um possível colapso do Sistema Único de Saúde, pois pode aumentar o número de pessoas com problemas respiratórios devido a fumaça gerada pelas queimadas.

            Os brigadistas recebem capacitação por meio da parceria com a SOS Amazônia, WWF e o Corpo de Bombeiros. Antônio Rafael, brigadista de 19 anos, conta um pouco sobre a experiência com a capacitação “no começo é bem ralado, mas vale muito a pena, aprendemos muito dentro da capacitação, tanto a parte teórica quanto pratica”, ressalta.

Brigadistas em área queimada para a plantação de milho e capim  


            Apesar de ser ainda uma profissão predominada pela presença masculina, há uma brigadista mulher. Schayanne Amorim, inspirada pelo pai, viu no projeto de brigadas uma nova forma de experenciar a vida, não se sente intimidada e pelo contrário, atua ativamente nas ocorrências, “eu soube do projeto através do meu pai, na época eu não sabia nem o que era brigadista, hoje em dia eu amo demais. Atuo nas mesmas áreas dos meninos, incêndios, conscientização, ronda. Fico feliz em estar em um lugar onde sou vista como igual”, compartilha.

            A conscientização da população é um trabalho muito importante, ela auxilia na forma correta e segura de evitar queimadas ou fazer denúncias, tornando-se uma forma indireta de reduzir os focos de incêndios nos centros urbanos. Auricélio Dantas, brigadista de 39 anos, diz que já é possível ver o resultado das rondas de conscientização: É legal vermos que as queimadas estão sendo controladas, que as pessoas estão mais conscientes. O interessante é que quem mais queima são os idosos e quem faz a denúncia geralmente são crianças, elas ligam para nós e ficam esperando na rua e ainda apontam a casa.



           Em 2020 a SOS Amazônia realizou a oficina Cuidados e procedimentos de resgate de fauna afetada pela atividade de fogo, com o objetivo de construir mecanismos e aperfeiçoar processos relacionados com os cuidados e procedimentos de resgate da fauna, bem como sobre a redução do impacto negativo do fogo sobre a fauna silvestre. A criação de um manual relacionado sobre os cuidados da fauna, em fase de revisão, auxiliará também na capacitação dos próximos brigadistas, pois há necessidade imperativa de olhar não somente para a floresta perdida, mas também a fauna indefesa que ainda é afetada a cada ano.

Brigadistas de Feijó
Brigadistas Amorim, Dantas e Nascimento

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