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Comunicação Não-violenta é tema de encontro na SOS Amazônia

Uma comunicação empática e consciente pode ser a chave para a resolução de grandes conflitos, seja de ordem diplomática, entre nações, ou de ordem pessoal, como nas relações amorosas e de trabalho. Para falar sobre o assunto, a equipe da SOS Amazônia recebeu, nesta quinta-feira, 2 de setembro, o advogado e constelador sistêmico Luciano Trindade, que apresentou a Comunicação Não-violenta (CNV) como ferramenta para a reconexão entre as partes e a resolução de conflitos individuais e coletivos.

A CNV é um método desenvolvido por Marchal Rosenberg para aprimorar as relações interpessoais e diminuir a violência no mundo. Ele consiste em técnicas que possibilitam adotar uma postura de empatia e compreensão da realidade do outro. Em muitos casos, a comunicação pode ser o instrumento de manifestação da violência contra o interlocutor, na forma de acusações ou agressões verbais.

“A violência é resultado de um sofrimento. Toda vez que houver um sofrimento, vai haver uma violência”, resume Luciano. Nesse sentido, a desconexão emocional com a origem do sofrimento agrava o conflito. “Assim, ficamos carentes daquilo que nos é essencial, daí surgem emoções dolorosas e responsabilizamos os outros por esse mal-estar. Produzimos então uma linguagem julgadora, acusadora e violenta contra o outro, ao invés de, simplesmente, pedir aquilo que queremos”, explica.

Muitas vezes, emoções e necessidades não preenchidas estão no inconsciente e precisam ser trazidas à tona. “Se houvesse consciência, tudo seria diferente. A pessoa saberia suas reais necessidades, reconheceria as causas ocultas (traumas vividos ou padrões sistêmicos) e perceberia as emoções que emergem quando essas necessidades não são satisfeitas. Consciente disso, a pessoa faria pedidos claros e objetivos, de modo que o outro saberia aquilo que ela realmente quer”, conclui.


Constelação sistêmica
A proposta do encontro surgiu a partir das dinâmicas com a psicóloga organizacional Tailine Silva, em que foi identificada a necessidade de aprimorar a comunicação nas relações interpessoais da equipe, de modo a fortalecer a interação entre os diferentes setores da ONG.

Para enriquecer ainda mais o assunto, Luciano apresentou conceitos da Constelação Sistêmica, com base nos estudos do alemão Bert Hellinger. Para o advogado, os temas são complementares e se configuram como caminhos de autoconhecimento.

“Não existe empatia sem a visão sistêmica, isto é, sem ter a visão de mundo do outro. É preciso compreender os filtros de cada um, imaginar o que leva o outro a pensar de determinada maneira”, diz Luciano. A partir dessa compreensão é possível estabelecer uma comunicação menos agressiva e mais honesta, reconhecendo as próprias necessidades e assumindo o compromisso com a autorresponsabilidade.

O trabalho de auto investigação proporciona resultados satisfatórios nas relações de trabalho e nos relacionamentos amorosos. “A parceria amorosa só dá certo quando as pessoas são completas, como se fossem duas taças cheias. O líquido que transborda dessa taça representa os frutos e os desdobramentos dessa relação, por exemplo, os filhos”, considera Luciano.