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Equipe técnica do projeto Nossabio planeja retorno às atividades de campo

Texto: Bleno Caleb

Diante dos impactos da pandemia do coronavírus e do fenômeno de alagação em diversos municípios do Acre, as atividades de campo do projeto Nossabio ficaram suspensas, o que acarretou ajustes nos prazos de execução do projeto. Com a superação do período crítico, a equipe técnica reformulou a programação de atividades, com início previsto para o dia 10 de março.

Nessa primeira etapa, serão realizadas visitas de campo, em diferentes Unidades de Conservação, a fim de oferecer assistência técnica e florestal às comunidades extrativistas e oficinas de boas práticas no manejo de produtos da sociobiodiversidade, como açaí, borracha e cacau silvestre. Também serão entregues kits de manejo para as famílias que integram as diferentes cadeias de valor. Todos os encontros obedecem os protocolos de prevenção à Covid-19, como o distanciamento físico e o uso de máscara e álcool em gel. Em respeito ao decreto do Governo do Acre, que veta a realização de eventos nos finais de semana, a ações serão realizadas de segunda a sexta-feira.

O primeiro ponto de partida é a Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, onde os colaboradores Wenderson Silva e Sidomar Falcão estarão reunidos com 40 famílias que trabalham com o beneficiamento de borracha CVP (Cernambi Virgem Prensado). Durante a visita, será feita a mobilização para a participação dessas famílias em duas oficinas de boas práticas de extração de látex e produção de CVP, que serão realizadas entre os dias 15 e 19 de março, com duração de 24 horas cada oficina.

“Nosso objetivo é levar conhecimento técnico para as famílias, como também trocar experiências e compartilhar saberes, que vão desde a abertura das estradas de seringa até o processo de raspagem da árvore, o corte, o tamanho da bandeira e o período adequado de trabalho”, explica Adair Duarte, coordenador de Projetos da SOS Amazônia.  

Outras atividades
No fim do mês de março, a equipe do Nossabio se desloca para as Florestas Nacionais de Macauã e São Francisco, onde será realizada a oficina de boas práticas de manejo do cacau silvestre. Em seguida, entre os dias 12 e 18 de abril, a equipe se reúne com 30 famílias da Reserva Extrativista Chico Mendes, no município de Assis Brasil, que atuam na cadeia de valor da borracha CVP.

Ainda na Resex Chico Mendes, participam das oficinas 60 famílias que integram a cadeia de valor do açaí, nos municípios de Brasileia e Epitaciolândia. E, por último, entre os dias 3 e 10 de maio, a equipe do projeto chega às margens do Rio Iaco, também nos limites da Resex Chico Mendes, onde 50 famílias trabalham no beneficiamento do cacau silvestre.

Adair Duarte complementa que também serão abordadas questões de mercado durante as oficinas. “Todos os critérios de qualidade refletem no preço de comercialização do produto. Por isso, a oficina também abordará questões de mercado, preço e garantia de venda por meio da cooperativa local”, avalia Duarte.

Projeto Nossabio
O Projeto Nossabio foi aprovado em dezembro de 2019, por meio do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), programa brasileiro de conservação idealizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), com recursos do Fundo Amazônia e da Fundação Gordon e Betty Moore. O programa foi concebido para aumentar a efetividade de gestão das áreas protegidas da Amazônia, como Unidades de Conservação e Terras Indígenas, bem como estruturar cadeias de valor a partir de produtos da sociobiodiversidade.

Cerca de 315 famílias são contempladas em cinco Unidades de Conservação (UCs): Reserva Extrativista Chico Mendes, Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, Floresta Nacional de São Francisco, Florestal Nacional do Macauã (no Acre) e Parque Estadual de Guajará-Mirim (em Rondônia). A SOS Amazônia é responsável pela gestão operacional do projeto em estreita ligação com organizações sociais, cooperativas e associações extrativistas de cada uma das unidades.
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