Cadeia de Valor da Borracha Nativa
A história da SOS Amazônia se conecta inteiramente com a defesa e valorização do extrativismo da Borracha Nativa. Sua luta pela preservação da Floresta Amazônica começou na década de 1980, com o apoio ao movimento dos seringueiros contra a devastação da floresta e pela garantia do direito de posse das suas colocações.
Foi pensando na valorização dos produtos florestais não madeireiros que a instituição construiu também o seu caminho.
Embalada pelos ideais de um dos seus fundadores, o líder e seringueiro Chico Mendes, traçou e implementou dezenas de iniciativas com foco na preservação da biodiversidade e no desenvolvimento sustentável.
Uma das iniciativas recentes é o projeto Valores da Amazônia, que tem o desafio constante de transformar a vida dos comunitários, levando alternativas de trabalho e renda, com foco na manutenção da floresta, com investimentos na Cadeia da Borracha Nativa na região de Feijó, Tarauacá, Rodrigues Alves e Porto Walter, no Acre.
Cadeia de Valor dos Óleos Vegetais
A Floresta Amazônica possui enorme variedade de espécies oleaginosas, boa parte com potencial para o aproveitamento econômico, sendo destinada principalmente para os mercados de cosméticos e de alimentos. Várias iniciativas são empreendidas na região, mas a maioria das cooperativas enfrenta dificuldades tecnológicas, de gerenciamento e escassez de recursos para o fortalecimento da atividade.
Por volta de 2008, a SOS Amazônia iniciou o envolvimento com cadeias de valor de produtos não madeireiros na região do Vale do Juruá, dentre elas o murmuru. Um dos projetos mais importantes na época foi intitulado "Uso sustentável dos recursos florestais não madeireiros
Em comunidades extrativistas no Vale do Juruá, Acre", que gerou uma série de resultados técnicos importantes sobre a cadeia que estava começando a ser implementada na região, como a elaboração de planos de manejos e estudos de mercado para a manteiga de murmuru.
Com o início do projeto Valores da Amazônia, em 2015, a SOS Amazônia pôde dar continuidade ao fortalecimento da gestão organizacional e produtiva da cadeia de óleos vegetais, incluindo outros produtos como o buriti, andiroba, copaíba, tucumã, breu, cumaru, patauá e açaí, e buscando alinhar os empreendimentos de acordo com as exigências de mercados diferenciados.
Certificação Orgânica
Em outubro de 2018, as famílias extrativistas do Vale do Juruá, no Acre, e dos municípios de Silves e Boca do Acre, no Amazonas, que atuam na extração e na produção de óleos de plantas e frutos, ganharam certificação orgânica internacional que possibilitará a venda de seus produtos para os mercados europeu e norte-americano.
Concedida pela empresa boliviana Imocert, a certificação assegura que toda a produção foi realizada com baixo impacto ambiental, sem o uso de agrotóxicos e garantindo o pagamento justo para cada família, especialmente para as que fazem parte das cooperativas apoiadas pela SOS Amazônia.
Dentre os produtos que ganharam a certificação orgânica estão os óleos de buriti, copaíba, cumaru, breu e açaí, a manteiga de murmuru, tucumã e ouricuri.
Cadeia de Valor do Cacau Silvestre
Nos últimos anos, o Brasil, que ocupa o sexto lugar no ranking mundial da produção do cacau, aprimorou suas técnicas de cultivo e de produção de cacau (Mendes et al., 2016). Isso levou a um reconhecimento no mercado mundial, principalmente no que se refere ao cacau silvestre da Amazônia, com potencial de atingir as melhores classificações de qualidade, devido às características do ambiente que o tornam especial no sabor e no aroma.
O cacau silvestre é mais um produto com potencial de geração de renda para comunidades tradicionais e ribeirinhas da Amazônia. A Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar), sediada em Boca do Acre (estado do Amazonas), é pioneira na produção do cacau silvestre na Amazônia brasileira. Desde 2006, o cacau vem sendo coletado, beneficiado e exportado para empresas europeias e americanas. A experiência da Cooperar é muito importante para auxiliar no desenvolvimento dessa cadeia de valor na região do Juruá.
Com o Projeto Valores da Amazônia, além de concentrar esforços para melhorar o método de produção da Cooperar, a SOS Amazônia iniciou a prospecção de cacau no Vale do Juruá, região localizada no extremo oeste do Acre, nos municípios de Porto Walter e Rodrigues Alves, e em dois municípios do Amazonas (Guajará e Ipixuna).
Foram implantados núcleos de produção, consultorias de boas práticas e abertura de mercados internacionais.
Um importante resultado foi o primeiro lote de uma tonelada de amêndoa seca produzida pela Coopercintra, com forte envolvimento comunitário.