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SOS Amazônia: retrospectiva 2021

Foram 365 dias de um ano desafiador. De janeiro a dezembro, a SOS Amazônia manteve seu propósito de proteger as florestas e pensar alternativas sustentáveis, mesmo quando o cenário era adverso e as circunstâncias desfavoráveis.

Mais do que nunca, a Amazônia esteve ameaçada em 2021, seja pelo fogo, pelo desmatamento ou pela manobra de projetos políticos que atendem a interesses de um seleto grupo econômico. Em contrapartida, a SOS Amazônia buscou respostas e alternativas para contribuir no enfrentamento das ameaças.

Se os índices de desmatamento só crescem, promovemos a recuperação de áreas degradadas com a implantação de Sistemas Agroflorestais, isto é, o plantio de espécies florestais, frutíferas e de palmeiras, que depois se integram à paisagem original. Também estruturamos cadeias produtivas sustentáveis, a partir de produtos sociobiodiversidade, como açaí, cacau silvestre e borracha.

Além dos impactos ambientais e dos danos causados à saúde da população, o fogo afeta diretamente a fauna, colocando em risco a vida de aves, anfíbios, répteis, mamíferos e tantos outros animais silvestres. Por isso, elaboramos um protocolo de resgate de fauna, com orientações técnicas e dicas de segurança para profissionais que atuam diretamente no combate do fogo, como brigadistas e militares do Corpo de Bombeiros.

Quando a alagação dos rios desabrigou famílias em dez municípios do Acre, promovemos com nossos parceiros e com a ajuda de centenas de pessoas, campanha para arrecadação de alimentos e produtos de higiene, que foram distribuídos em comunidades tradicionais e extrativistas.

Para cada ameaça, uma resposta. Para cada desafio, uma alternativa. Nada seria possível sem o apoio que recebemos, no decorrer do ano, de associados, conselheiros, parceiros corporativos e institucionais, voluntários, colaboradores, doadores e seguidores que acompanham nosso trabalho e fazem nossa mensagem ecoar mais longe. Da Amazônia para o mundo, nosso agradecimento.

Confira, a seguir, 22 motivos para relembrar a atuação da SOS Amazônia no ano que passou. E ainda um motivo para festejar a chegada de 2022:

1º - Equipe
Em 2021, a equipe da SOS Amazônia cresceu e se fortaleceu. Novos integrantes passaram a compor os diferentes projetos da ONG, trazendo ainda mais alegria, criatividade e profissionalismo à nossa missão.


PROJETOS
2º - Nossabio - Territórios Conservados
O projeto Nossabio fortalece a governança e a gestão comunitária em cinco Unidades de Conservação: Resex Chico Mendes, Resex do Cazumbá-Iracema, Flona de São Francisco, Flona do Macauã (no Acre) e Parque Estadual de Guajará-Mirim (em Rondônia). Desenvolve cadeias produtivas sustentáveis a partir de produtos da sociobiodiversidade, como açaí, cacau silvestre, borracha, artefatos de madeira e ecoturismo. O Nossabio foi aprovado por meio do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), programa brasileiro de conservação idealizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).

3º - Harpia
Para monitorar a agenda de políticas públicas relacionadas à conservação e gestão ambiental, a SOS Amazônia criou o Projeto Harpia, que possui dois eixos de atuação: advocacy (mobilização a favor de uma causa) e iniciou a implantação do Observatório Socioambiental do Acre. Com financiamento do Instituto Clima e Sociedade (ICS), o projeto foi criado com o objetivo de oferecer resistência à aprovação do Projeto de Lei 6024/2019, que determina a desafetação da Resex Chico Mendes e a recategorização do Parque Nacional da Serra do Divisor.

4º - Brigadas Amazônia
O projeto Brigadas Amazônia, realizado com apoio do WWF-Brasil e doações espontâneas no nosso site, promove ações emergenciais de monitoramento e combate de desmatamento e queimadas. Realiza também ações de conscientização ambiental, no formato de cursos, oficinas e capacitações. Atuou em comunidades rurais e extrativistas, dialogando com comunitários sobre a importância de reduzir o uso do fogo na agricultura, principalmente na abertura de roçados.

5º - Faça Florescer Floresta
Faça Florescer Floresta é um projeto de recuperação da cobertura florestal de áreas degradadas em pequenas propriedades rurais. Promove a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), que consiste no consórcio de espécies florestais, frutíferas e palmeiras de interesse ecológico e econômico.

6º - Aliança
Um consórcio entre Comissão Pró-índio do Acre, SOS Amazônia e Instituto Catitu, o Projeto Aliança envolve povos indígenas e extrativistas em defesa das florestas do Acre, por meio de ações de proteção e monitoramento territorial. O projeto tem atuação direta em nove Terras Indígenas e três Unidades de Conservação, que abrigam uma das mais ricas biodiversidades do mundo. Além dos benefícios ambientais, como a mitigação das mudanças climáticas, o Aliança fortalece a segurança alimentar de comunidades tradicionais e o empoderamento de jovens e mulheres.

7º - A Renda da Floresta
Reduzir as emissões por desmatamento sem comprometer o bem-estar das populações tradicionais na Amazônia brasileira é uma grande preocupação da comunidade internacional há anos. Um projeto de pesquisa capitaneado pelas pesquisadoras Julie Subervie e Gabriela Demarchi pretende avaliar a eficácia dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) na redução do desmatamento na Amazônia brasileira, a fim de reduzir as emissões de carbono e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A pesquisa se transformou em um programa chamado A Renda da Floresta e o local escolhido para implementação do estudo foi a região do Vale do Juruá, no interior do Acre. O estudo é financiado pelo INRAE, um instituto francês de pesquisa em agronomia e meio ambiente, e conta, como parceiros brasileiros, com a Universidade de São Paulo (USP) e com a SOS Amazônia. Com o apoio e logística da SOS Amazônia, as equipes do projeto trabalharam por cinco meses em campo e puderam chegar a 460 propriedades rurais, a maioria em locais de difícil acesso nos municípios de Tarauacá e Feijó. Das 460 famílias cadastradas, cerca de 220 foram selecionadas e firmaram um acordo voluntário para receber valores em dinheiro se mantiverem o remanescente de floresta de suas propriedades em pé por um período de 12 meses. O desmatamento pré e pós pagamento será mensurado por meio de dados de sensoriamento remoto fornecidos pela Agência Espacial Europeia. A expectativa é que os resultados do estudo forneçam evidências robustas sobre os impactos de programas PSA e que possam orientar políticas de redução do desmatamento e mitigação das mudanças climáticas em todo o mundo.





PUBLICAÇÕES
8º - Protocolo de resgate de fauna
SOS Amazônia e WWF Brasil lançaram o protocolo “Cuidados e procedimentos de resgate fauna afetada pela atividade de fogo”, que apresenta roteiro metodológico e orientações técnicas para o resgate de animais silvestres afetados por incêndios e queimadas. A formatação do conteúdo teórico e as ilustrações de Igor Strochit configuram um trabalho minucioso e pioneiro, visto que se trata do primeiro roteiro de resgate de fauna com profundidade de conteúdo e ilustrações realistas com detalhes anatômicos dos animais.


9º - Cernambi Virgem Prensado
Em nove passos, a cartilha apresenta boas práticas para extração do látex e produção do Cernambi Virgem Prensado, um nova técnica que tem reinventado a tradicional coleta da seringa.

10º - Cacau silvestre da Amazônia
A cartilha de “Boas práticas de produção do cacau silvestre” apresenta orientações técnicas para coleta e beneficiamento das amêndoas de cacau. O material reúne orientações para a limpeza dos pés de cacau, sombreamento, corte dos cipós, controle da vassoura de bruxa e dicas para produção de mudas que serão plantadas nas clareiras existentes nas áreas de manejo.


OFICINAS E RODAS DE CONVERSA
11º - Psicóloga organizacional
Além do tempo dedicado às demandas de trabalho, a SOS Amazônia separou um tempinho especial para cuidar do fator humano de sua equipe. A psicóloga organizacional Tailine Silva promoveu encontros de integração entre a equipe, por meio de atividades lúdicas e motivacionais. O acompanhamento foi importante para identificar desafios e potenciais da equipe no desempenho de sua função, como também fortalecer vínculos de empatia e profissionalismo.

12º - Roda de conversa sobre gênero
Para enriquecer o debate sobre equidade de gênero, a SOS Amazônia recebeu a psicóloga e professora da Ufac, Madge Porto, que abordou o conceito de gênero e as representações simbólicas do que significa ser homem ou mulher. A concepção de gênero é atravessada por questões de poder, disputa política e preconceito, que subjugam a mulher ao mesmo tempo em que reforçam a superioridade masculina, dentro de padrões heteronormativos.

13º - Roda de conversa sobre igualdade racial
Entre a equipe da SOS Amazônia, onze pessoas se autodeclaram pardas, sete brancas,  quatro pretas e uma amarela. O formulário foi aplicado pela socióloga e educadora popular Jayce Brasil, como atividade da roda de conversa sobre igualdade racial. Durante o encontro, Jayce buscou estimular um olhar inquietante, investigativo e questionador acerca da estrutura racista que permeia as relações humanas, especialmente no ambiente de trabalho.

14º - Oficina de Comunicação Não-violenta
Uma comunicação empática e consciente pode ser a chave para a resolução de grandes conflitos, seja de ordem diplomática, entre nações, ou de ordem pessoal, como nas relações amorosas e de trabalho. Para falar sobre o assunto, a equipe da SOS Amazônia recebeu o advogado Luciano Trindade, que apresentou a Comunicação Não-violenta (CNV) como ferramenta para a reconexão entre as partes e a resolução de conflitos individuais e coletivos.


ATIVIDADES DE CAMPO
15º - Viagens e deslocamentos 
Faça chuva ou faça sol, equipes da SOS Amazônia estão em campo para fortalecer atividades produtivas sustentáveis em Unidades de Conservação. Seja de carro, barco, moto, quadriciclo ou até mesmo a pé, os técnicos se embrenham pela floresta e chegam até comunidades rurais e extrativistas. Em deslocamento pela Floresta Nacional de São Francisco, equipe do projeto Nossabio teve que lidar com as adversidades da natureza. Com a chegada do inverno amazônico, que marca o retorno das chuvas, os igarapés transbordam e as estradas de terra ficam praticamente intrafegáveis. Até ponte improvisada foi preciso construir para passar com quadriciclo.

16º - Assistência técnica
O trabalho de assistência técnica e extensão rural e florestal (Aterf) é um dos pilares da SOS Amazônia, porque orienta o desenvolvimento das atividades de campo a fim de garantir o alcance de objetivos econômicos e ambientais dos projetos. A base deste trabalho está no repasse de informações técnicas aos produtores e extrativistas, em contato imediato com as famílias, o que proporciona um espaço de compartilhamento e troca de saberes que potencializa a produção dos territórios.


CAPACITAÇÕES
17º - Oficina de associativismo
Com o objetivo de fortalecer a governança de associações comunitárias, a SOS Amazônia, por meio do projeto Nossabio (Lira/IPÊ), realiza o primeiro ciclo de oficinas sobre associativismo e gestão de negócios. As atividades são conduzidas pelo administrador e consultor Leonardo Lopes, com foco no funcionamento e estrutura de associações comunitárias, gestão participativa e obrigações fiscais e financeiras.

18º - Boas práticas de manejo
Momentos de aprendizado e compartilhamento de experiências. Com as oficinas de boas práticas de manejo do açaí e do cacau silvestre, técnicos da SOS Amazônia orientam extrativistas em diferentes Unidades de Conservação para a adoção de cuidados que podem aumentar a produtividade e a geração de renda. Durante as oficinas, foram entregues kits de segurança paro o manejo adequado dos frutos.

19º - Minicurso de prevenção e monitoramento do fogo
Diante dos sucessivos impactos ambientais e dos desastres provocados pelo uso do fogo, a SOS Amazônia e o Projeto MAP-Fire promoveram o minicurso virtual “Educação e Monitoramento da Atividade de Fogo” com foco na prevenção e combate de queimadas e incêndios. Cerca de 30 participantes, dentre eles brigadistas, foram capacitados a utilizar ferramentas estratégicas de gestão de risco a fim de reduzir o impacto negativo do fogo sobre o meio ambiente e a sociedade.


CAMPANHAS
20º - SOS Reciclagem
A campanha tem por objetivo promover a educação ambiental sobre a correta destinação dos resíduos sólidos recicláveis. A ideia começou a ser colocada em prática em fevereiro de 2013, por meio de uma campanha experimental para separação e descarte seletivo de materiais recicláveis. Atualmente, a campanha é realizada na sede da SOS Amazônia, em Rio Branco, onde as pessoas podem destinar embalagens plásticas, alumínio e pilhas.

21º - Campanha por Vidas
O primeiro trimestre de 2021 foi desafiador para a população do Acre. Além dos impactos do coronavírus, o estado enfrentou um surto de dengue e sofreu com os efeitos da alagação em dez municípios. Uma crise sanitária se instalou entre a população e afetou famílias em situação de vulnerabilidade social. Para minimizar os efeitos dessa crise, a Campanha Por Vidas – edição Norte foi lançada, em parceria com os estudantes da Unicamp e Instituto Asas pela Amazônia com o objetivo de arrecadar 40 mil reais em 40 dias a fim de ajudar 58 famílias ribeirinhas que habitam a região do baixo Rio Gregório, no município de Tarauacá, no interior do Acre.

22º - Campanha contra o PL 6024
Alinhado a interesses econômicos sem qualquer responsabilidade socioambiental, o Projeto de Lei 6024 pretende extinguir o Parque Nacional da Serra do Divisor e reduzir os limites da Reserva Extrativista Chico Mendes. Em 2021, SOS Amazônia, Comitê Chico Mendes, Comissão Pró-índio do Acre e Conselho Nacional das Populações Extrativistas estiveram à frente da campanha #PL6024NÃO e mobilizaram a petição contra o PL, na tentativa de barrar o projeto enquanto ainda tramita na Câmara dos Deputados. Acesse https://pl6024nao.com.br/ e assine a petição pelas florestas.

E comemorando a chegada de 2022:


23º - 100 Melhores ONGs
Para fechar 2021, a SOS Amazônia figura entre as 100 melhores ONGs do país, em premiação realizada pelo Instituto Doar, O Mundo que Queremos e Ambev VOA. Por sua atuação em defesa da conservação ambiental na Amazônia, por meio do desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis e do acompanhamento de políticas públicas ambientais, a SOS Amazônia figura pela segunda vez entre as 100 melhores ONGs do país. O primeiro reconhecimento foi recebido em 2017 e, de lá para cá, a Associação buscou fortalecer sua imagem institucional, aprimorando mecanismos internos de planejamento e administração.

Que em 2022 a SOS Amazônia fortaleça sua missão de defender a floresta e os povos que vivem nela.

#juntosflorescemos 
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