No Ateliê da Floresta, galhos, troncos e outros resíduos de madeira encontrados no chão da floresta se transformam em móveis, gamelas, peças de decoração, utensílios domésticos, dentre outros artefatos. Para as pessoas que trabalham na marcenaria surge uma nova profissão: além do ofício de extrativistas, são agora artesãos. A nova tarefa representa também um complemento na renda familiar e a perspectiva de consolidar mais uma atividade produtiva sustentável na Resex Chico Mendes, em Xapuri.
Para Raimundo Mendes de Barros, carinhosamente conhecido como Raimundão, a cerimônia de inauguração, realizada neste domingo (9), na Comunidade Rio Branco, é, na verdade, um batizado, no qual o Ateliê da Floresta é como se fosse uma criança que começa a dar os primeiros passos na vida em direção a um futuro promissor. Nesse batizado, as pessoas e organizações presentes no encontro são considerados padrinhos e madrinhas e, como tal, devem oferecer toda a ajuda necessária para o desenvolvimento da marcenaria.
Em um discurso vigoroso, emocionado e inesquecível, Raimundão modula o tom da voz na medida exata da mensagem que quer comunicar. Eleva o tom ao fazer duras críticas ao sistema capitalista, que ele define como “covarde e selvagem”, e fica com a voz embargada ao lamentar a morte de dois filhos, frutos de seu primeiro casamento. Também suaviza a voz ao relembrar inúmeros companheiros e companheiras do passado, no movimento de luta e resistência à degradação da floresta. “Se o Chico Mendes estivesse aqui, ele estaria com um sorriso do tamanho da boca em presenciar esse momento”, diz o ambientalista.
Para Raimundo Mendes de Barros, carinhosamente conhecido como Raimundão, a cerimônia de inauguração, realizada neste domingo (9), na Comunidade Rio Branco, é, na verdade, um batizado, no qual o Ateliê da Floresta é como se fosse uma criança que começa a dar os primeiros passos na vida em direção a um futuro promissor. Nesse batizado, as pessoas e organizações presentes no encontro são considerados padrinhos e madrinhas e, como tal, devem oferecer toda a ajuda necessária para o desenvolvimento da marcenaria.
Em um discurso vigoroso, emocionado e inesquecível, Raimundão modula o tom da voz na medida exata da mensagem que quer comunicar. Eleva o tom ao fazer duras críticas ao sistema capitalista, que ele define como “covarde e selvagem”, e fica com a voz embargada ao lamentar a morte de dois filhos, frutos de seu primeiro casamento. Também suaviza a voz ao relembrar inúmeros companheiros e companheiras do passado, no movimento de luta e resistência à degradação da floresta. “Se o Chico Mendes estivesse aqui, ele estaria com um sorriso do tamanho da boca em presenciar esse momento”, diz o ambientalista.
O sonho coletivo de construção do Ateliê simboliza também o encontro de gerações, em que o extrativista Raimundão, memória viva do movimento dos empates no Acre, acompanha o surgimento de novas lideranças, dentre elas, sua filha Raiara Barros, presidente da Aspafa (Associação dos Produtores e Produtoras Agroextrativistas do Seringal Floresta e Adjacentes).
“Há 13 anos, brotava uma semente no coração do meu pai, um sonho que ele carregava consigo e que muitos não acreditavam que um dia se tornaria realidade. O velho caduco, como diziam, hoje tem a felicidade de estar vivo para comemorar com muita alegria a construção do nosso Ateliê, que tem como base a preservação da floresta e o propósito de manter vivo o legado de Chico Mendes e de todos aqueles aguerridos companheiros”, celebra Raiara Barros, presidente da Aspafa.
Miguel Scarcello, secretário geral da SOS Amazônia, chama a atenção para o impacto que a construção do Ateliê trará para a comunidade. “O que é uma grande oportunidade de trabalho e de melhoria da condição de vida das pessoas passa a representar também uma nova rotina na comunidade, que exigirá a sua atenção e de todos, principalmente quando vocês consolidarem o processo produtivo e atenderem os pedidos que estarão chegando. Isso exige também uma comunicação muito sólida e profissional, que será mais de 50% do negócio”, destacou Miguel, reiterando o compromisso da equipe técnica da SOS Amazônia com o empreendimento.
“Há 13 anos, brotava uma semente no coração do meu pai, um sonho que ele carregava consigo e que muitos não acreditavam que um dia se tornaria realidade. O velho caduco, como diziam, hoje tem a felicidade de estar vivo para comemorar com muita alegria a construção do nosso Ateliê, que tem como base a preservação da floresta e o propósito de manter vivo o legado de Chico Mendes e de todos aqueles aguerridos companheiros”, celebra Raiara Barros, presidente da Aspafa.
Miguel Scarcello, secretário geral da SOS Amazônia, chama a atenção para o impacto que a construção do Ateliê trará para a comunidade. “O que é uma grande oportunidade de trabalho e de melhoria da condição de vida das pessoas passa a representar também uma nova rotina na comunidade, que exigirá a sua atenção e de todos, principalmente quando vocês consolidarem o processo produtivo e atenderem os pedidos que estarão chegando. Isso exige também uma comunicação muito sólida e profissional, que será mais de 50% do negócio”, destacou Miguel, reiterando o compromisso da equipe técnica da SOS Amazônia com o empreendimento.
O projeto inicial do Ateliê foi elaborado pelo Centro de Trabalhadores da Amazônia (CTA) e, à época, foi capitaneado por Júlia Feitosa. Com o encerramento das atividades do CTA, o projeto não saiu do papel, mas continuou na memória da comunidade. A oportunidade surgiu quando a SOS Amazônia passou a desenvolver o projeto Nossabio – Territórios Conservados (Lira/IPÊ), com o objetivo de estruturar cadeias de valor da sociobiodiversidade para fortalecer a governança de unidades de conservação, como reservas extrativistas e florestas nacionais.
Com o Nossabio, a SOS Amazônia deu início à construção do Ateliê, em parceria com a Amoprex (Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri). Foram realizados vários encontros com a comunidade para elaboração do projeto, capacitação da equipe de artesãos, oficinas de gestão e associativismo, consultoria em estudo de mercado, aquisição de ferramentas e maquinários, elaboração do manual de identidade visual do Ateliê e licenciamento para uso sustentável da madeira. Foram licenciados pelo ICMBio 50 metros cúbicos de madeira de 20 espécies diferentes, como amarelão, breu vermelho, cedro rosa, cerejeira, cumaru ferro, garapera, guariúba, itaúba, jatobá, maracatiara e mirindiba.
“Houve um momento em que a gente não acreditava que esse projeto fosse dar certo. Hoje, a gente se sente feliz com esse empreendimento sendo inaugurado com muitos objetos produzidos e vendidos. É uma conquista! E tem tudo pra dar certo porque a gente trabalha com madeira sustentável, não precisa derrubar a floresta pra sobreviver”, celebra Gessiana Pereira, artesã do Ateliê.
Com o Nossabio, a SOS Amazônia deu início à construção do Ateliê, em parceria com a Amoprex (Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri). Foram realizados vários encontros com a comunidade para elaboração do projeto, capacitação da equipe de artesãos, oficinas de gestão e associativismo, consultoria em estudo de mercado, aquisição de ferramentas e maquinários, elaboração do manual de identidade visual do Ateliê e licenciamento para uso sustentável da madeira. Foram licenciados pelo ICMBio 50 metros cúbicos de madeira de 20 espécies diferentes, como amarelão, breu vermelho, cedro rosa, cerejeira, cumaru ferro, garapera, guariúba, itaúba, jatobá, maracatiara e mirindiba.
“Houve um momento em que a gente não acreditava que esse projeto fosse dar certo. Hoje, a gente se sente feliz com esse empreendimento sendo inaugurado com muitos objetos produzidos e vendidos. É uma conquista! E tem tudo pra dar certo porque a gente trabalha com madeira sustentável, não precisa derrubar a floresta pra sobreviver”, celebra Gessiana Pereira, artesã do Ateliê.
Projeto Nossabio
O projeto Nossabio foi desenvolvido pela SOS Amazônia entre os anos de 2019 e 2024, por meio do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), programa brasileiro de conservação idealizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), com recursos do Fundo Amazônia e da Fundação Gordon e Betty Moore.
O projeto buscou fortalecer a gestão e a governança de unidades de conservação com a implantação de cinco cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade: açaí, artefatos de madeira, borracha, cacau silvestre e turismo de base comunitária. A proposta era envolver famílias residentes em cada território para identificar produtos e atividades de interesse econômico que possam representar uma alternativa de sustentabilidade para comunidades extrativistas.
Cerca de 315 famílias foram contempladas em cinco Unidades de Conservação (UCs): Reserva Extrativista Chico Mendes, Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, Floresta Nacional de São Francisco, Florestal Nacional do Macauã (no Acre) e Parque Estadual de Guajará-Mirim (em Rondônia). A SOS Amazônia foi responsável pela gestão operacional do projeto em estreita ligação com organizações sociais, cooperativas e associações extrativistas de cada uma dessas das unidades.
O projeto Nossabio foi desenvolvido pela SOS Amazônia entre os anos de 2019 e 2024, por meio do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), programa brasileiro de conservação idealizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), com recursos do Fundo Amazônia e da Fundação Gordon e Betty Moore.
O projeto buscou fortalecer a gestão e a governança de unidades de conservação com a implantação de cinco cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade: açaí, artefatos de madeira, borracha, cacau silvestre e turismo de base comunitária. A proposta era envolver famílias residentes em cada território para identificar produtos e atividades de interesse econômico que possam representar uma alternativa de sustentabilidade para comunidades extrativistas.
Cerca de 315 famílias foram contempladas em cinco Unidades de Conservação (UCs): Reserva Extrativista Chico Mendes, Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, Floresta Nacional de São Francisco, Florestal Nacional do Macauã (no Acre) e Parque Estadual de Guajará-Mirim (em Rondônia). A SOS Amazônia foi responsável pela gestão operacional do projeto em estreita ligação com organizações sociais, cooperativas e associações extrativistas de cada uma dessas das unidades.