Oficina destaca a participação de mulheres na produção de borracha sustentável
A produção de borracha sustentável é de origem familiar, ou seja, as mulheres também estão envolvidas nas diversas etapas da cadeia produtiva, desde o corte até a comercialização. No entanto, elas foram invisibilizadas ao longo desse processo e, historicamente, os homens ocuparam os lugares de poder, de tomada de decisão e de reconhecimento. Com o objetivo de fortalecer a consciência das mulheres sobre a importância de sua participação na produção de borracha, a SOS Amazônia, o Instituto de Desenvolvimento Social (IDS) e a empresa Vert realizaram, entre os dias 14 e 16 de setembro, o segundo módulo do ciclo de formação de multiplicadoras do projeto Mulheres da Borracha.
“Antes eu estava na sombra do meu marido, mas agora eu compreendo o meu lugar e tenho condições de repassar o que estou aprendendo”, conta a seringueira Sirlei Gomes da Silva, de 44 anos, moradora do Seringal Cachoeira, que assumiu o corte da seringa após as complicações que o marido teve em decorrência da covid-19.
O encontro realizado no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri reuniu cerca de 20 mulheres residentes em comunidades extrativistas dos municípios de Assis Brasil, Capixaba, Sena Madureira e Xapuri. O roteiro metodológico foi elaborado pelas consultoras Débora Almeida e Fernanda Basso (IDS) e incluiu atividades lúdicas, dinâmicas de grupo e apresentações artísticas com o objetivo de promover a troca de experiências, despertar a autovalorização e desenvolver habilidades multiplicadoras, que possam ser adotadas nas comunidades onde residem para mobilização de outras mulheres ligadas à cadeia de valor da borracha.
“A proposta é ampliar a percepção da mulher nos diferentes espaços de atuação em que ela ocupa, seja na família, na cooperativa ou no movimento social, para que elas possam lidar com os desafios e mobilizar outras mulheres, como abelhas que polinizam outras flores”, compara Débora Almeida.
Fernanda Basso considera que a oficina de multiplicadoras é um exercício de empoderamento da mulher e possibilita o aprendizado por meio do espelhamento. “Nós temos um grupo diverso, com níveis de escolaridade diferentes, por isso a abordagem metodológica contempla diversas formas de aprendizado e expressão, para que todas tenham a oportunidade de se desenvolver no trabalho”, diz.
Como diferencial do ciclo de formação, a oficina é recheada de atrações artísticas, como a exibição do teaser Seringueiras, do documentário (ainda em produção) que conta a trajetória, os saberes e as memórias de três mulheres que nasceram e foram criadas em seringais. Na noite de quinta-feira, teve apresentação cultural com o espetáculo Afluentes Acreanas, que narra a formação sociocultural do Acre na perspectiva dos seringueiros.