A Política por Inteiro lança nesta terça-feira, 05, com o apoio da SOS Amazônia, inteligência artificial que monitora políticas públicas no estado do Acre. O lançamento contou com o tema: Foco Amazônia: políticas governamentais e unidades de conservação.
O observatório visa monitorar as políticas do estado para identificar os sinais para poder compreender as tendências do poder político. O objetivo é compreender e discutir as conjunturas locais em prol do meio ambiente e mudanças climáticas.
Sarah Soares, uma das integrantes do Política por Inteiro, comenta como funciona a inteligência artificial. “O Política por Inteiro desenvolveu um método de classificação por temas, a inteligência artificial faz a captação desses temas e os classifica, e consegue ainda gerar dados mostrando quais pautas são consideradas relevantes ou não, que influenciam diretamente nas políticas,” comenta.
São considerados relevantes aqueles atos do executivo ou legislativo que incidem, de forma positiva ou negativa, nas políticas públicas e na agenda climática.
Irrelevantes são iniciativas ou atos públicos que, apesar de mencionar as palavras chaves buscadas por nossos monitores, não produzem efeitos práticos.
Mesa redonda: discussões e apontamento
A mesa trouxe como tema as políticas governamentais e Unidades de Conservação, e teve como convidados representantes de diversos segmentos sociais como: o diretor técnico da SOS Amazônia - Álisson Maranho, a coordenadora na SITOAKORE – Nedina Yawanawa, o Cacique e presidente na FEPHAC - Ninawa inu huni kuī, o professor e pesquisador da Ufac – Alexsander de Oliveira Franco, o diretor de comunicação do Conselho Nacional dos Seringueiros – José Mesquita.
O foco das discussões envolveu as ações de políticas dentro das Unidades de Conservação, o aparato para as populações ribeirinhas/extrativistas e povos indígenas e o aumento do desmatamento que vem crescendo cada vez mais.
“A violência com a biodiversidade vem crescendo ao longo dos anos no Brasil, e para nós povos indígenas se agravou e isso é um fator muito negativo” comenta, Nedina Yawanawa. Ninawa complementa que, “Os conhecimentos tradicionais são muito pouco valorizados, porque temos dentro das nossas comunidades os cientistas, o lado espiritual e os saberes. Nós sabemos lidar com a natureza. E essas políticas são para nós uma linha do tempo que estão colocadas com base em destruir, destruir, destruir e depois recuperar, recuperar, recuperar, e já está comprovado que é algo que não funciona. Desde sempre há reuniões e estratégias para resolver as mudanças climáticas, mas até hoje não se resolveu nada. Vemos aí, as alagações, as queimadas. Agora eu pergunto, estamos preservando o que e para quem?” finaliza.
O avanço das mudanças climáticas, desmatamento e queimadas são pautadas há tempos na área ambiental, mas o que vemos é o avanço de forma negativa e as poucas ações tomadas para a proteção não apenas da floresta, mas também dos povos que vivem nelas. O olhar é pouco atrelado aos guardiões da floresta e isso se torna preocupação para os integrantes da mesa.
“As áreas naturais protegidas e as áreas indígenas têm um papel extremamente importante no ponto de vista da preservação. Haja visto se nós pegamos agora uma imagem de satélite e observar as bordas de desmatamento da Amazônia a gente vê o arco do desmatamento que é uma grande linha da expansão da fronteira agrícola para a Amazônia. Hoje esse arco do desmatamento tem crescido, e precisamos entender o papel do poder público dentro desse tema”, comenta o professor Alexandre de Oliveira.
O lançamento do observatório de políticas públicas acontece em quatros estados que integram a Amazônia Legal: Amazonas, Acre e Rondônia, território conhecido como AMACRO ou Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS) Abunã – Madeira, além do poder executivo do Mato Grosso. A plataforma será apresentada também em Manaus (AM) e em Cuiabá (MT).