O objetivo da atividade foi trabalhar com participantes conceitos básicos de economia que são usados na elaboração de planos de negócios com fins de analisar se a cadeia sócioprodutiva está gerando renda voltada na forma de desenvolvimento sustentável para as comunidades indígenas e não-indígenas. Com base em trabalho em grupo, primeiro os participantes definiram de acordo com suas próprias visões e aplicações em suas comunidades conceitos como viabilidade, concorrência e desenvolvimento sustentável. Depois começaram, divididos em grupos, o passo-a-passo da produção de farinha, murmuru, banana e artesanato com sementes.
Os grupos foram divididos de acordo com aquilo que fazia parte do manejo, ou no caso dos indígenas, dos planos de gestão e projetos de suas comunidades. Com isso, os participantes puderam aprender formas de aperfeiçoar sua produção baseados em seus projetos de vida, verificando se a venda é rentável e se está trazendo benefícios para a comunidade. Traduzindo estes benefícios, por exemplo, para a soberania alimentar, a organização da cadeia quando há o interesse da comercialização pode garantir sua continuidade e fortalecer laços comunitários na coletivização da produção a partir da criação de cooperativas. Experiências já experimentadas pelos Ashaninka, com seu artesanato tradicional de alta aceitação no mercado a partir de sementes existentes nos quintais agroflorestais e na floresta manejada, e pelos Poyanawa, com sua farinha produzida a partir das casas de farinha comunitária e das plantações de mandioca com maior escala aliadas aos sistemas agroflorestais.
Embora a dificuldade na compreensão de alguns conceitos no início do curso, ao final da semana os participantes expressaram que venceram a dificuldade do início e puderam perceber como fazer para melhorar sua produção sem afetar ou modificar seus modos de vida tradicionais. Como apontado por José Marcondes Poyanawa, eles puderam ver que sua cooperativa pode ser fortalecida de maneira a não usar mais os “marreteiros” ou atravessadores, que levam sua produção de farinha para vender em Cruzeiro do Sul, Rio Branco ou Manaus.
Outro ponto apontado por muitos dos comunitários foi que puderam aprender com a experiência dos indígenas, baseados em seus planos de gestão. Segundo a ex-extratora de Murmuru, Lenimar da Silva, da comunidade Besouro, a experiência da bem-sucedida cadeia socioprodutiva do artesanato Ashaninka, fez com que pensasse que as fibras do coco do murmuru, depois de quebrado, poderia ser uma fonte de produção artesanal com o valor agregado da extração de modo tradicional que realizam em sua comunidade.
A satisfação dos participantes levou ao pedido de vários deles para a continuidade dos cursos focados em produtos específicos a fim de fortalecer suas cadeias e, consequentemente, suas comunidades.