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SOS Amazônia e Instituto Alok realizam mutirão de plantio de árvores

De mãos dadas, indígenas, estudantes da Ufac e equipe técnica da SOS Amazônia formaram uma grande roda em torno das mudas que seriam plantadas no mutirão, simbolizando o início do processo de restauração da paisagem florestal no Centro Huwã Karu Yuxibu. Em sua língua nativa, conduzindo o bailado semelhante a uma ciranda de roda, o cacique Mapu Huni Kuin entoou um canto de agradecimento à Mãe Terra, chamando as forças da natureza para receber as mudas que irão compor uma rica e biodiversa agrofloresta.

“Esse dia é a prova de que cada um de nós acredita e luta por um planeta mais saudável”, disse Mapu durante a cerimônia de abertura do mutirão, realizado no dia 15 de fevereiro. O líder relembra que pensou em vender a propriedade onde funciona o Centro Huwã Karu Yuxibu em 2019, quando um incêndio criminoso queimou toda a vegetação de floresta que havia na área. No entanto, ao consagrar as medicinas tradicionais de seu povo, recebeu o chamado para recomeçar do zero e trazer de volta a paisagem florestal.

O sonho viria a se tornar realidade com a parceria firmada entre SOS Amazônia e Instituto Alok, com apoio do Fundo Comunitário do Airbnb, para recuperação de sete hectares com o plantio de espécies florestais, frutíferas e palmeiras, que irão formar o Campo da Fartura, reunindo espécies de interesse ecológico e econômico.

Após a cerimônia de abertura, mãos à terra. Indígenas da comunidade e estudantes do curso de Engenharia Florestal da Ufac, sob orientação da equipe técnica da SOS Amazônia, deram início ao plantio de 4 mil mudas, produzidas no Viveiro SOS Amazônia, em Capixaba. Dentre as espécies, foram plantadas mudas de açaí, cacau, castanheira, ipê, seringueira, samaúma e muitas outras. Esse modelo consorciado de plantio visa a oferta de alimentos para garantir a segurança alimentar das famílias, abastecer o restaurante local e ser uma alternativa de renda na propriedade.

O Centro Huwã Karu Yuxibu foi idealizado por Mapu Huni Kuin com a proposta de abrigar indígenas desaldeados e ser um espaço de preservação das práticas espirituais, da medicina sagrada e da cultura do seu povo. Além disso, também é o local de funcionamento do restaurante Piti Kuin, construído com apoio do Instituto Alok, voltado à gastronomia do povo Huni Kuin.

Além do projeto de reflorestamento dos 70 mil metros quadrados devastados pelas queimadas, a SOS Amazônia também será responsável pela construção de um viveiro comunitário no local, que terá a capacidade de produzir 12 mil mudas por ano. A ONG também fará a instalação de um sistema de irrigação para garantir a sobrevivência das mudas durante o verão amazônico, estação de seca na região.
Sistema agroflorestal

O modelo de plantio adotado para restauração do Centro Huwã Karu Yuxibu é o de Sistema Agroflorestal (SAF), que consiste no plantio consorciado de espécies florestais, frutíferas e palmeiras, podendo conter ainda alguns cultivos agrícolas, como banana, mamão, milho e macaxeira. Desta forma, além de regenerar áreas degradadas e recompor a paisagem florestal, o método também contribui para o fortalecimento da segurança alimentar das famílias locais e gera alternativa de renda de curto a longo prazo.

A crise climática em curso no planeta, marcada por catástrofes ambientais e aquecimento global, afeta o bem-estar populacional e a produção de alimentos da agricultura familiar e do extrativismo, que chegam mais caros nas prateleiras dos mercados. De acordo com Adair Duarte, líder de Restauração Florestal da SOS Amazônia, o plantio de plantio de agrofloresta promove a recomposição da paisagem florestal, garantindo a oferta de serviços ecossistêmicos.

“Além de proteger o solo e as águas, a agrofloresta contribui para a oferta de alimentos, o que impacta positivamente na segurança alimentar das famílias e no funcionamento do restaurante Piti Kuin, que desponta como alternativa de trabalho e renda na propriedade”, comenta Adair.

A professora Iwlly Silva, que leciona no curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, considera que a agrofloresta é uma alternativa para a produção sustentável de alimentos ao mesmo tempo em que oferece serviços ambientais que para equilibrar o planeta e enfrentar as mudanças climáticas.
Programa Planeta Verde

“A própria natureza é a solução, as árvores são a tecnologia para o enfrentamento da crise climática”, afirma Alok em seu vídeo de divulgação do Programa Planeta Verde. “Precisamos reflorestar em uma escala enorme no Brasil e em todo o planeta, e quero fazer a minha parte com o programa Planeta Verde. Temos que preservar o que ainda existe, mas temos também que plantar, é urgente”, alerta o artista.

O programa Planeta Verde foi lançado pelo DJ e produtor musical, através do Instituto Alok, que em parceria com o Airbnb, para reflorestar áreas degradadas na Amazônia. Em alinhamento com as ONGs SOS Amazônia e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), os projetos se desenvolvem em localidades dos estados do Pará e Acre.

No Pará, o programa entra como parceiro no projeto “Marajó - Agrofloresta em Família”, que irá fazer um trabalho de reflorestamento de uma área de 200 hectares localizada nos municípios de Breves, Curralinho, Melgaço, Muaná, Portel e São Sebastião da Boa Vista. A ação também vai beneficiar cerca de 150 mulheres da região e suas famílias, proporcionando o aumento em suas gerações de renda. “A parceria com o Instituto Alok e a AirBnB é estratégica porque impulsiona a restauração produtiva em uma área que tem um importante papel na proteção do ecossistema amazônico e que tem sofrido grande pressão de desmatamento”, ressalta o coordenador executivo do IEB, Manuel Amaral.
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