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O fogo que queima a Austrália não é o mesmo que desMATA a Amazônia

Hoje a Austrália sente seu solo queimar, seus animais morrerem e o mundo todo entra em luto. Mais de 6,3 milhões de hectares em chamas, um bilhão de animais mortos. Uma mistura de verão seco, vegetação seca, fortes ventos e recordes de temperatura, fazem com que a Austrália possua os incêndios mais catastróficos. Dezenas de milhares de bombeiros, muitos deles voluntários, mobilizam-se para conter as chamas trabalhando diariamente, chegando a uma carga horária de 12 horas por dia.

A Austrália possui um longo histórico de incêndios no país, motivo ao qual cientistas já vinham alertando que a cada ano o fogo se intensificaria devido às altas temperaturas.
Recentemente, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicou em sua rede social uma comparação de incêndio entre os dois países:

“Sibéria queimou 3 vezes mais que a Amazônia. Na Austrália, quase 6 vezes mais. Mas certas ONG’s e alguns jornalistas só se importam em falar mal de seu próprio país e, claro, sempre contra o governo. Seletividade absoluta…”, afirmou o ministro.

Mas a questão é, Austrália e Amazônia possuem biomas com diferenças, enquanto a Austrália possui um clima e vegetação propícia ao fogo, onde os incêndios podem acontecer de forma natural, a Amazônia, com o seu clima quente e úmido, o fogo só é causado por interferência humana, geralmente, proveniente do desmatamento para a expansão da pecuária bovina.
Em agosto de 2019, foi registrado os mais altos números de queimadas durante os últimos nove anos.

De acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram mais de 89 mil focos de calor ativos na parte da floresta que se divide pelo Brasil, somente nesse mesmo ano. A Amazônia perdeu uma área de 9.762 km², o que corresponde a 1,4 milhões de campos de futebol ou uma área maior que seis vezes a cidade de São Paulo, que teve a tarde do dia 19 de agosto escurecida devido à grande quantidade de biomassa queimada na Amazônia e cerrado.

Mesmo com biomas totalmente diferentes entre a Amazônia e Austrália, o cenário amazônico se encaminha para basicamente o mesmo que está acontecendo hoje com a Austrália, devido a grande pressão da pecuária na Amazônia, tem levado os pequenos produtores a migração de forma desenfreada para essa atividade que vem gradativamente ano a ano ganhando forças em pequenas regiões como é o caso de municípios do interior do Acre, onde a pecuária se torna uma das únicas atividades rurais viável de acordo com a visão do pequeno produtor.

Vale ressaltar que o poder público nunca desenvolveu uma política economicamente sustentável para áreas rurais do estado, sempre foram tentativas fadadas ao fracasso devido a falta de estudos.

"É muito importante apoiar o trabalho dos agentes que estão enfrentando os incêndios florestais na Austrália, e isso pode acontecer de diversas formas, desde doações a trabalhos voluntários. Cabe destacar que aquele país precisa ainda de maior preparo para enfrentar uma catástrofe ambiental e social como essa, e isso passa por políticas de adaptação às mudanças do clima e de melhor previsão e prevenção desse tipo de problema." Ressalta Álisson Maranho, diretor técnico da SOS Amazônia.

Por: Khelven Castro e Wendeson Castro

Referências 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/01/07/incendios-na-australia-e-na-amazonia-entenda-as-diferencas-na-devastacao.ghtml

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/01/06/incendios-florestais-na-australia-fotos.ghtml

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