A SOS Amazônia e o Projeto MAP-Fire deram início nesta segunda-feira, 19 de julho, ao minicurso virtual “Educação e Monitoramento da Atividade de Fogo no Estado do Acre”, com foco na prevenção e combate de queimadas e incêndios em ambiente rural ou urbano. O objetivo é capacitar brigadistas das cinco regionais de desenvolvimento do Acre através do repasse de conhecimento e ferramentas estratégias de gestão de risco a fim de reduzir o impacto negativo do fogo sobre o meio ambiente e a sociedade.
“Estamos aqui para aprender sobre algumas ferramentas e métodos que podem nos auxiliar a trabalhar com estratégias de prevenção e engajamento com comunidades próximas a nós”, conta Liana Anderson, pesquisadora do Cemaden e coordenadora do Projeto MAP-Fire. A estudante do Instituto Federal do Acre (Ifac), Dângela Maria, afirma que a busca por conhecimento e o cuidado com os animais a mobilizaram para se inscrever no minicurso. “Estou aqui para aprender e levar esse conhecimento para minha turma do Ifac. Fico triste quando vejo animais, como preguiça, sapo, cobra, entre outros, morrendo nos incêndios”, compadece a estudante.
O minicurso segue até o dia 23 de julho, com transmissão ao vivo através da plataforma Google Meet e emissão de certificados para os participantes. O conteúdo é ministrado por técnicos da SOS Amazônia e especialistas do Projeto MAP-Fire, em parceria com Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidade Federal do Acre (Ufac). A expectativa é que os participantes possam construir e avaliar um plano de ação no combate a incêndios, por níveis de alerta e escala de tomada de decisão.
Álisson Maranho, secretário técnico da SOS Amazônia, explica que o minicurso pode ser visto como um desdobramento do Projeto Brigadas Amazônia, voltado à atuação direta no combate a incêndios e resgate de fauna. “Em 2019, tivemos uma explosão de desmatamento e queimada, de forma impactante em todo o estado do Acre e, em particular, nos municípios de Feijó, Tarauacá e Marechal Thaumaturgo. Diante da necessidade, fizemos um trabalho conjunto para controle das queimadas, em parceria com WWF, Corpo de Bombeiros e Pelotão Ambiental”, diz Maranho.
No âmbito do Projeto MAP-Fire, o minicurso compõe o eixo de atuação relacionado à educação ambiental. “Percebemos que a parceria com a SOS Amazônia seria interessante para complementar as ações de monitoramento aliado à conservação ambiental e fortalecer o combate e enfrentamento do fogo”, conta Yara de Paula, ecóloga e pesquisadora assistente, responsável pelo eixo de educação ambiental.
O Projeto MAP-Fire foi implementado em 2019 com suporte do Inter-American Institute for Global Change Research (IAI), em parceria com o Climate Science for Service Partnership Brazil (CSSP-Brazil), e passa por um processo de aperfeiçoamento e expansão relacionado à gestão de risco em áreas protegidas para atender toda a América do Sul.
Impactos ambientais
Durante a abertura do encontro, Wendeson Castro, técnico da SOS Amazônia e organizador do minicurso, falou sobre os impactos provocados pela humanidade nos últimos 70 anos, no período denominado Antropoceno (a era dos humanos). De acordo com Castro, esse período é marcado por grandes transformações socioculturais, que provocam intensos impactos ambientais no planeta, como desertificação, déficit hídrico, poluição do ar, mudanças climáticas, etc.
Com bases em evidências científicas, a pesquisadora Liana Anderson analisa que, conforme aumenta o desmatamento, aumenta a incidência de fogo na floresta. O brigadista Anderson Lisboa, formado em Geografia, testemunha que a ocorrência de queimadas aumentou nos últimos anos, trazendo inúmeros impactos sociais, econômicos e ambientais. “Como brigadista, posso dizer que é uma grande guerra combater o fogo e instruir a comunidade para ter uma visão diferente”, afirma o brigadista.