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One Tree Planted e SOS Amazônia visitam áreas de recuperação florestal no Acre e Amazonas

Recuperar áreas degradadas é uma árdua missão. A recompensa vem ao visitar essas áreas, anos depois, e observar que onde havia apenas pastagem a vegetação florestal volta a preencher o terreno, com espécies de interesse ecológico e econômico, que proporcionam benefícios ambientais e sociais.

Durante sete dias, de 3 a 10 de novembro, a SOS Amazônia percorreu áreas de recuperação florestal em comunidades extrativistas, ribeirinhas e de agricultores familiares que recebem apoio da One Tree Planted (OTP), ONG que atua desde 2014 pela restauração de ecossistemas ao redor do mundo, alcançando, em 2021, a marca de 23,5 milhões de árvores plantadas. A visita de campo foi acompanhada por Laura Trujillo, representante da ONG no Brasil.

Há três anos, a parceria da OTP com a SOS Amazônia, no âmbito do Projeto Faça Florescer Floresta, beneficia diretamente cerca de 65 famílias do interior do Acre e da comunidade Novo Horizonte, no Amazonas. O objetivo é recuperar a cobertura vegetal do solo com o plantio de 50 mil mudas em 26 hectares de áreas degradadas com a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), isto é, o plantio consorciado de espécies florestais, frutíferas e de palmeiras. Com o aporte da OTP, a SOS Amazônia oferece assistência técnica aos comunitários, capacitações e acompanhamento dos cultivos para controle de pragas e doenças.

A parceria entre as ONGs teve início em 2019 com ações de reflorestamento na propriedade do seu Leo (Manoel Alencar) e da dona Preta (Maria José Dantas), moradores do Polo Agroflorestal de Mâncio Lima. O primeiro passo foi o preparo do solo com o plantio de leguminosas, como milho e feijão, que oferecem benefícios ecológicos, como a fixação de nitrogênio. Com a produção dos SAFs e dos cultivos agrícolas, como banana e macaxeira, o casal conseguiu incrementar a base alimentar da família e ainda comercializa o excedente no mercado local.

Laura Trujillo, representante da One Tree Plantend no Brasil, visita áreas de recuperação florestal no Acre e Amazonas (Foto: Khelven Castro)

“Quando compramos esse terreno, ele era vazio. O antigo dono usava para pasto e, quando ele nos vendeu, disse que essa terra não produziria mais nada. Dois anos depois, posso dizer que fiz florescer a floresta. Conseguimos, com muito esforço, trazer a vida pra cá novamente e colocamos alimento na nossa mesa”, comemora dona Preta. 

As ações de reflorestamento são planejadas com amplo envolvimento das comunidades, ou seja, o extrativista pode escolher as espécies prioritárias e as árvores que ele deseja plantar no SAF, de acordo com os seus objetivos. Esse modo de trabalho participativo contribui para vencer a resistência de comunitários que duvidam do potencial dos plantios e fortalece o interesse das famílias em recuperar novas áreas.

“No início, as pessoas não acreditavam que esse trabalho daria certo, achavam que era besteira e que não daria lucro. Com muito esforço e com o apoio da SOS Amazônia junto da OTP, conseguimos mudar essa realidade”, relembra seu Leo, que agora planeja recuperar novos hectares.

Parceria entre a SOS Amazônia e a One Treee Planted teve início em 2019 na propriedade do seu Leo, em Mâncio Lima (Foto: Khelven Castro)

Já na comunidade Novo Horizonte, no Amazonas, o cacau nativo é uma espécie prioritária nas áreas recuperadas, já que que é o carro-chefe da região. O extrativista Osmir Andriola comenta que o beneficiamento do cacau, destinado à fabricação de chocolate fino, fortalece a renda de muitas famílias.

“O Faça Florescer Floresta é um projeto muito importante pra nossa comunidade. Ajudou muito a gente no aspecto ambiental como também na qualidade de vida da comunidade. Chegamos a comercializar cerca de 1,2 tonelada de amêndoas de cacau por ano”, comenta Osmir, que, além de extrativista, trabalha em sua própria marcenaria, onde constrói canoas e móveis.

O cacau da Amazônia é uma das espécies de destaque dos Sistemas Agroflorestais (Foto: Khelven Castro)

Após a visita, Laura pôde constatar em campo o impacto das ações de reflorestamento no orçamento familiar e na vida social das comunidades. “Essa parceria é a prova de que a floresta em pé tem mais valor e que é possível gerar renda e proteger o meio ambiente. Exemplos como o do seu Leo, da dona Preta e de Osmir servem de inspiração e demonstram o quanto é possível ter uma renda sem precisar desmatar novas áreas”, celebra.

Ações futuras
Em áreas protegidas, a OTP pretende plantar 100 mil árvores, em parceria com famílias residentes nas Reservas Extrativistas Chico Mendes e do Cazumbá-Iracema, e nas Florestas Nacionais do Macauã e São Francisco, recuperando cerca de 50 hectares. Até momento, já foram plantadas 50 mil mudas (25 hectares), o que representa metade das ações propostas para estas Unidades de Conservação. 

Em 2022, a OTP inicia mais um contrato com a SOS Amazônia, que prevê a recuperação de 200 hectares com o plantio de 300 mil mudas, beneficiando cerca de 200 famílias nos municípios de Capixaba, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Senador Guiomar e Tarauacá, no Acre, e Guajará, no Amazonas.  

A quantidade de mudas por hectare varia conforme a densidade dos cultivos e do planejamento realizado com as famílias. 

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