Exposição marca a inauguração do Ateliê da Floresta, agendada para o dia 9 de junho, na Comunidade Rio Branco, na Resex Chico Mendes, em Xapuri. Marcenaria produz obras de arte a partir do reaproveitamento de madeira encontrada no chão da floresta.
Somente um olhar atento e visionário, lapidado pelo tempo e pela estreita ligação com a floresta, poderia imaginar que galhos, troncos e outros resíduos de madeira encontrados no chão da floresta poderiam se tornar obras de arte, móveis e utensílios domésticos.
O sonho de construir uma marcenaria na Resex Chico Mendes, em Xapuri, foi acalentado por anos pelo extrativista e líder ambiental Raimundo Mendes de Barros, carinhosamente conhecido como Raimundão. A proposta inicial foi capitaneada por Júlia Feitosa, durante as atividades do Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), e se torna realidade com a construção do Ateliê da Floresta.
A inauguração será neste domingo, dia 9 de junho, às 10h, na Comunidade Rio Branco (ramal São João do Guarani), ocasião em que será realizada a primeira exposição de peças, artefatos e obras de arte produzidas pela marcenaria. Antes mesmo da inauguração, o Ateliê já tem encomendas de gamelas e outros artefatos para uma galeria de Manaus e outra de São Paulo, evidenciando o potencial de mercado da marcenaria.
O Ateliê da Floresta foi construído pela SOS Amazônia, em parceria com Amoprex (Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri), no âmbito do projeto Nossabio, desenvolvido com apoio do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). A proposta é trazer uma nova alternativa de trabalho e renda para as famílias vinculadas à associação a partir da estruturação da cadeia de artefatos de madeira oriunda do manejo florestal comunitário na Resex Chico Mendes, em Xapuri.
Para conhecer mais sobre o Ateliê da Floresta confira o perfil no Instagram: @atelie_da_floresta_acre.
O sonho de construir uma marcenaria na Resex Chico Mendes, em Xapuri, foi acalentado por anos pelo extrativista e líder ambiental Raimundo Mendes de Barros, carinhosamente conhecido como Raimundão. A proposta inicial foi capitaneada por Júlia Feitosa, durante as atividades do Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), e se torna realidade com a construção do Ateliê da Floresta.
A inauguração será neste domingo, dia 9 de junho, às 10h, na Comunidade Rio Branco (ramal São João do Guarani), ocasião em que será realizada a primeira exposição de peças, artefatos e obras de arte produzidas pela marcenaria. Antes mesmo da inauguração, o Ateliê já tem encomendas de gamelas e outros artefatos para uma galeria de Manaus e outra de São Paulo, evidenciando o potencial de mercado da marcenaria.
O Ateliê da Floresta foi construído pela SOS Amazônia, em parceria com Amoprex (Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri), no âmbito do projeto Nossabio, desenvolvido com apoio do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). A proposta é trazer uma nova alternativa de trabalho e renda para as famílias vinculadas à associação a partir da estruturação da cadeia de artefatos de madeira oriunda do manejo florestal comunitário na Resex Chico Mendes, em Xapuri.
Para conhecer mais sobre o Ateliê da Floresta confira o perfil no Instagram: @atelie_da_floresta_acre.
Ideal de conservação
O veterano Raimundão nasceu e cresceu dentro da floresta. Somente aos 20 anos teve a oportunidade de conhecer o ambiente urbano de uma cidade. “Isso demonstra o isolamento em que a gente vivia. Eu peguei essa ligação com a floresta e, posso dizer, a floresta comigo”, diz. Nas décadas de 1970 e 1980, ele participou dos empates organizados pelo primo e também seringueiro Chico Mendes para barrar a invasão de terras e conter a destruição da floresta. Entre avanços e retrocessos, o conflito fundiário na Amazônia agravou-se ainda mais e as áreas de pastagem passaram a ocupar cada vez mais a paisagem.
Décadas depois, Raimundão reconhece nas ações do projeto Nossabio o ideal de conservação proposto por Chico Mendes em defesa do modo de vida e do bem-estar da população extrativista e da necessidade de desenvolver atividades produtivas sustentáveis como alternativa à agropecuária.
“Esse projeto está de acordo com o pensamento e as aspirações de Chico Mendes e o objetivo pelo qual ele trabalhou e deu sua própria vida. E traz um incentivo e um exemplo para aqueles que hoje se ocupam em destruir a floresta, menosprezando o valor que ela tem e achando que o gado substitui a riqueza imensurável que tem ali”, avalia.
Neluce Soares, coordenadora executiva do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira/IPÊ), também faz essa ponte entre o passado e o presente, como a germinação de uma semente que agora apresenta seus frutos. “Lá atrás, com o Chico Mendes e com as lideranças daquela época, se tinha uma ideia de que era possível manter a floresta em pé e gerar renda, e agora a gente consegue ter resultados e números para mostrar ao mercado de que isso é viável”, afirma.
O veterano Raimundão nasceu e cresceu dentro da floresta. Somente aos 20 anos teve a oportunidade de conhecer o ambiente urbano de uma cidade. “Isso demonstra o isolamento em que a gente vivia. Eu peguei essa ligação com a floresta e, posso dizer, a floresta comigo”, diz. Nas décadas de 1970 e 1980, ele participou dos empates organizados pelo primo e também seringueiro Chico Mendes para barrar a invasão de terras e conter a destruição da floresta. Entre avanços e retrocessos, o conflito fundiário na Amazônia agravou-se ainda mais e as áreas de pastagem passaram a ocupar cada vez mais a paisagem.
Décadas depois, Raimundão reconhece nas ações do projeto Nossabio o ideal de conservação proposto por Chico Mendes em defesa do modo de vida e do bem-estar da população extrativista e da necessidade de desenvolver atividades produtivas sustentáveis como alternativa à agropecuária.
“Esse projeto está de acordo com o pensamento e as aspirações de Chico Mendes e o objetivo pelo qual ele trabalhou e deu sua própria vida. E traz um incentivo e um exemplo para aqueles que hoje se ocupam em destruir a floresta, menosprezando o valor que ela tem e achando que o gado substitui a riqueza imensurável que tem ali”, avalia.
Neluce Soares, coordenadora executiva do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira/IPÊ), também faz essa ponte entre o passado e o presente, como a germinação de uma semente que agora apresenta seus frutos. “Lá atrás, com o Chico Mendes e com as lideranças daquela época, se tinha uma ideia de que era possível manter a floresta em pé e gerar renda, e agora a gente consegue ter resultados e números para mostrar ao mercado de que isso é viável”, afirma.
Projeto Nossabio
O projeto Nossabio foi desenvolvido pela SOS Amazônia entre os anos de 2019 e 2024, por meio do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), programa brasileiro de conservação idealizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), com recursos do Fundo Amazônia e da Fundação Gordon e Betty Moore.
O projeto buscou fortalecer a gestão e a governança de unidades de conservação com a implantação de cinco cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade: açaí, artefatos de madeira, borracha, cacau silvestre e turismo de base comunitária. A proposta era envolver famílias residentes em cada território para identificar produtos e atividades de interesse econômico que possam representar uma alternativa de sustentabilidade para comunidades extrativistas.
Cerca de 315 famílias foram contempladas em cinco Unidades de Conservação (UCs): Reserva Extrativista Chico Mendes, Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, Floresta Nacional de São Francisco, Florestal Nacional do Macauã (no Acre) e Parque Estadual de Guajará-Mirim (em Rondônia). A SOS Amazônia foi responsável pela gestão operacional do projeto em estreita ligação com organizações sociais, cooperativas e associações extrativistas de cada uma dessas das unidades.
O projeto Nossabio foi desenvolvido pela SOS Amazônia entre os anos de 2019 e 2024, por meio do Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), programa brasileiro de conservação idealizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), com recursos do Fundo Amazônia e da Fundação Gordon e Betty Moore.
O projeto buscou fortalecer a gestão e a governança de unidades de conservação com a implantação de cinco cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade: açaí, artefatos de madeira, borracha, cacau silvestre e turismo de base comunitária. A proposta era envolver famílias residentes em cada território para identificar produtos e atividades de interesse econômico que possam representar uma alternativa de sustentabilidade para comunidades extrativistas.
Cerca de 315 famílias foram contempladas em cinco Unidades de Conservação (UCs): Reserva Extrativista Chico Mendes, Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, Floresta Nacional de São Francisco, Florestal Nacional do Macauã (no Acre) e Parque Estadual de Guajará-Mirim (em Rondônia). A SOS Amazônia foi responsável pela gestão operacional do projeto em estreita ligação com organizações sociais, cooperativas e associações extrativistas de cada uma dessas das unidades.