Foto: Eliz Tessinari | Texto: Helen Menezes
Para entendermos o conceito de sociobiodiversidade é necessário diferenciar definições formais do ponto de vista da linguagem ou do ponto de vista da ciência e as definições que se constroem pelo uso, pelas lutas, pelas políticas públicas e assim por diante. Biodiversidade nasce como um conceito para expressar a diversidade da vida. Formalmente, ela é entendida como a diversidade de espécies, ecossistemas e também a variabilidade dentro das espécies interespecíficas, chamada, muitas vezes, de diversidade genética.
A biodiversidade foi aplicada para complementar outros conceitos que se associavam à natureza, como biomassa, complexos ecológicos, ecossistemas, biomas, entre outros. Com o tempo, o termo passou a ganhar significados mais abrangentes, no sentido de expressar a natureza e o esforço ou interesse de conservação desse ambiente.
Com o avanço da luta, da reivindicação e do reconhecimento das populações tradicionais e povos indígenas, através da construção de políticas públicas, o termo sociobiodiversidade ainda sugere que parte dessa natureza conservada é utilizada de forma sustentável pelas comunidades locais. Além do retorno em seu próprio benefício, esse manejo responsável é benéfico a sociedade como um todo.
A diversidade de sistemas socioculturais existentes no Brasil, representada por inúmeros povos indígenas e comunidades tradicionais de extrativistas, pescadores, agricultores familiares, entre outras, expande a riqueza de um vasto conhecimento empírico associado a esses agroecossistemas e proporciona a agregação de valor socioambiental.
Em suma, a sociobiodiversidade diz respeito a um conjunto de bens e serviços gerados por meio da conexão entre a diversidade biológica, a prática de atividades sustentáveis, beneficiando produtos extraídos da floresta, e o manejo desses recursos por meio do conhecimento cultural e ancestral das populações tradicionais.
As atividades voltadas à formação de cadeias produtivas promovem a manutenção e a valorização de suas práticas e identidade cultural, assegurando os direitos decorrentes, gerando renda e promovendo a melhoria de sua qualidade de vida e do ambiente em que vivem. Essa articulação entre diversidade biológica e de saberes configura uma estratégia viável de desenvolvimento e de conservação das áreas protegidas.