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SOS Amazônia inaugura viveiro de produção de mudas para recuperação de áreas degradadas

Viveiro SOS Amazônia celebra os 35 anos de fundação da ONG e tem capacidade inicial de produzir 450 mil mudas destinadas à implantação de agrofloresta


“Minhas netas vão ter água limpa e um clima melhor. E não é para o futuro, é agora”, diz o produtor Francisco de Souza, mais conhecido como Careca, sobre os benefícios da recuperação de áreas degradadas. Careca foi um dos parceiros comunitários de Capixaba e Xapuri que prestigiaram, no dia 29 de setembro, a inauguração do Viveiro SOS Amazônia, que tem capacidade inicial de produzir 450 mil mudas de espécies florestais, frutíferas e de palmeiras destinadas à implantação de agrofloresta.

O viveiro foi construído com apoio da The Caring Family Foundation (TCFF), Stanley e Nike e está localizado em uma região estratégica do estado do Acre, que registra maior concentração de desmatamento, com atividades agropecuárias e plantio de soja e cana. “Essa contradição torna ainda mais relevante a construção desse viveiro, já que existe uma alta demanda de restauração ao longo de toda a bacia do Rio Acre”, pontua Miguel Scarcello, secretário geral e cofundador da SOS Amazônia.

A ONG tem a proposta de recuperar mil hectares até 2025, com o plantio de um milhão e seiscentas mil mudas, beneficiando diretamente 800 famílias extrativistas e de agricultores familiares. “A sinergia da SOS Amazônia vai muito além do plantio de árvores. Existe um cuidado com as pessoas, no trabalho diário da equipe técnica, que reflete na maneira como ela é recebida nas comunidades”, observa Juliana Ayrosa, diretora de operações na TCFF, fundação britânica que apoia diversas ações sociais no Brasil.

Felipe Souza, gerente da Stanley, avalia que a recomposição da paisagem florestal vai além do trabalho de assistência técnica porque provoca impacto na vida das pessoas e na realidade de comunidades tradicionais, fortalecendo uma causa global. “Os líderes mundiais discutem a pauta do meio ambiente e a questão da água. E hoje temos a inauguração desse viveiro para que consolide cada vez mais um futuro melhor”, comenta.

O Viveiro SOS Amazônia vai produzir 50% da demanda do programa de restauração florestal da ONG. A outra metade virá dos 36 viveiros comunitários espalhados em 17 cidades do Acre e no município de Guajará, no Amazonas. Eles foram construídos para facilitar a logística em locais de difícil acesso e empoderar as famílias para que elas possam ter condições de ampliar suas áreas de restauração.

“É um trabalho de formiguinha, que a SOS Amazônia realiza em passos lentos, seguros e responsáveis, a fim de aumentar nossa capacidade de restauração, ampliar o número de famílias envolvidas e atrair novos parceiros nessa missão”, conta Adair Duarte, líder de restauração florestal na SOS Amazônia.
Mudanças climáticas
O plantio de árvores contribui para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e manutenção de diversos serviços ecossistêmicos, como a recuperação e o enriquecimento dos nutrientes do solo, o sequestro de carbono para liberação do oxigênio, a regulação do ciclo hidrológico e a revitalização de nascentes. Além disso, um ambiente reflorestado proporciona bem-estar e qualidade de vida para a população.

“Plantar uma árvore é sempre um gesto de cuidado com o planeta e uma tentativa de semear um futuro melhor, mitigando os efeitos das mudanças climáticas”, acredita Álisson Maranho, secretário técnico da SOS Amazônia.

Todos os parceiros da SOS Amazônia ligados ao programa de restauração florestal contribuíram para a construção do viveiro, em especial a The Caring Family Foundation, Stanley e Nike, que possibilitaram a aquisição e regularização do terreno, a construção da estrutura física do viveiro e a compra de insumos, substratos e equipamentos.
Por dentro do viveiro
O Viveiro SOS Amazônia está construído em uma área de três hectares e conta com um prédio de 200 metros quadrados, que inclui sala técnica, cozinha e alojamento masculino e feminino, ambos com capacidade de hospedar de seis a oito pessoas. Também possui um depósito, onde são armazenados os insumos, substratos, fertilizantes, bandejas, tubetes, ferramentas e equipamentos.

O viveiro possui dois reservatórios com capacidade de armazenar 20 mil litros de água e um sistema de irrigação automatizado, que pode ser programado de acordo com a estação do ano e a necessidade das mudas. “O sistema pode acionar três vezes ao dia para irrigar um bloco de mudas que está em germinação para suprir a necessidade daquelas sementes ou permanecer ligado por um determinado período para irrigar um conjunto de mudas em desenvolvimento, que precisa de uma quantidade maior de água”, explica Sidomar Falcão, coordenador do viveiro.

Todos esses detalhes garantem a qualidade e a padronização das mudas, com desenvolvimento similar e controle de pragas e doenças. “As mudas que saírem do nosso viveiro têm um rigor de qualidade e estão dentro dos padrões técnicos, o que é fundamental para que elas tenham uma produtividade melhor no futuro”, assegura Sidomar.

Espécies

Confira as espécies produzidas pelo Viveiro SOS Amazônia:

Florestais – andiroba, castanheira, copaíba, cumaru, ipê, mogno, mulateiro

Frutíferas – acerola, graviola, cacau, café, caju, ingá

Palmeiras – açaí, buriti, jaci e jarina

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