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Vandalismo em estátua de Chico Mendes e o ataque à sua memória

Nas palavras da historiadora e professora Emília Viotti da Costa: "Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado." Por isso, quando estátuas de homenagem a figuras históricas e representantes do movimento social são vandalizadas, é mais que um prejuízo material, é um ataque à memória e ao legado representado nesses monumentos.

Em Rio Branco, na Praça dos Povos da Floresta, a estátua do ativista e líder seringueiro Chico Mendes, sofre constantes ataques de vândalos. No dia 15 de janeiro de 2025, ela foi mais uma vez atacada, tendo ambas as mãos decepadas. Em anos anteriores, houve outras injúrias, como em 2018, quando a estátua da criança que que compunha o patrimônio foi furtada e a representação de Chico Mendes ficou solitária desde então. Em 2022, novo atentado. A escultura de Chico foi derrubada de sua base, passando por um processo de revitalização conduzido pela Fundação de Cultura Elias Mansour, que ficará responsável pelo restauro das mãos na estátua.
Tais desacatos têm um significado além do dano material, principalmente, por representar um ataque aos princípios que a figura de Chico Mendes simboliza até os dias de hoje, especialmente no que diz respeito à manutenção da floresta em pé e à valorização dos povos da floresta. Ângela Mendes, filha do líder seringueiro e presidente do Comitê Chico Mendes, considera que o ato de vandalismo é intencional e busca desmoralizar a causa socioambiental.

“Pois, para mim, parece que seja algo além da simples depredação de patrimônio público, o que em si já seria um crime, mas sinto como se fosse uma mensagem clara e contundente de que o latifúndio está cada vez mais vivo e mais forte no outrora Estado da Florestania. Iremos denunciar e registrar um boletim de ocorrência e, diferente da primeira vez, esperamos uma resposta à altura dos órgãos de segurança e do Ministério Público”, declara Ângela.

O motivo de sua indignação vem, principalmente, da predominância do agronegócio e do movimento ruralista, que ganha força no Acre e faz oposição aos ideais defendidos por Chico Mendes. Além disso, o claro descaso com a memória do ativista, considerado herói nacional, mostra a indiferença e ignorância da população local com sua própria história e de sua própria luta por justiça social e ambiental.

Chico Mendes é conhecido por ter sido um ativista social e ambiental, além de líder do sindicato de seringueiros, foi reconhecido nacional e internacionalmente por seu ativismo na Amazônia. Também foi essa a causa de seu trágico assassinato, em 22 de dezembro de 1988, quando levou um tiro de escopeta no quintal de sua própria casa, em Xapuri. O seu legado continua vivo e inspirando pessoas e organizações, como o Comitê Chico Mendes, liderado por sua filha, e a ONG SOS Amazônia, que foi co-fundada por ele.

Reafirmando seu compromisso com a Amazônia e a luta ambientalista, a SOS Amazônia repudia tais atos de violência e vandalismo e mantém sua missão de defesa da memória do líder seringueiro e valorização do seu legado, voltado à manutenção da floresta em pé e à valorização dos povos da floresta.
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