Primeiro dia de oficina mostra projetos realizados no Acre com foco no combate a atividades do fogo e resgate da fauna silvestre
Khelven Castro
Iniciou na terça-feira, 23, a oficina “Cuidados e procedimentos de resgate de fauna afetada pela atividade do fogo no Estado do Acre”. Realizada pela SOS Amazônia em parceria com o WWF – Brasil, a iniciativa tem por objetivo construir mecanismos e aperfeiçoar processos relacionados com os cuidados e procedimentos de resgate da fauna, bem como sobre a redução do impacto negativo do fogo sobre a fauna silvestre.
Por causa da pandemia do Covid19, toda oficina está sendo feita de forma virtual e segura por meio do Google Meet. E acontece no período de 23 de junho à 23 de julho de 2020, todas as terças e quintas-feiras, das 9h às 12h. O processo se dá junto a uma construção coletiva de análises e discussões sobre temáticas que abrangem biodiversidade, desmatamento e fogo e o resgate e reintrodução de animais silvestres na natureza.
Com essas discussões das ações conjuntas dos órgãos convidados: SEMA-AC, UFAC, Corpo de Bombeiros – Ac, Batalhão de Policiamento Ambiental – Ac, IBAMA – CETAS, ICMBio, Ministério Público do Estado do Acre - CAOP-MAPHU e o Instituto Federal do Acre – IFAC, será criado um roteiro metodológico para que sirva como base para o trabalho de instituições/organizações governamentais e da sociedade civil.
Projetos de contenção do fogo
O Fundo Emergencial contra incêndios na Amazônia surgiu a partir de uma mobilização pela rede WWF, com a ajuda de oito países, onde foi arrecadado em 2019, cerca de 7 milhões de reais para ajudar no processo e na criação de projetos futuros para contenção do fogo no Brasil e Bolívia.
Osvaldo Barassi Gajardo, analista de conservação sênior pelo WWF Brasil, ressalta a importância que essa oficina tem dentro do projeto do fundo emergencial.
“Dentro do projeto existe a identificação e seleção das ações emergenciais, onde colocamos alguns critérios de seleção para escolhas das organizações que destinamos esse fundo. Um dos critérios é o monitoramento e recuperação de animais silvestres afetados e esse dentre todos os critérios era o único que não havia nenhuma intervenção, até agora. Fico muito feliz de poder estar participando desse momento com vocês porque o projeto ajuda muito as comunidades afetadas e questões territoriais”, observa.
Brigadas da Amazônia
O projeto Brigadas Amazônia promove ações emergenciais de monitoramento e combate de desmatamento e queimadas, bem como ações de conscientização ambiental na Amazônia. Wendeson Castro, da SOS Amazônia, comenta sobre como esses fatores afetam o nosso clima, e de como nós estamos promovendo ações emergenciais para contenção de desmatamento e queimadas.
“Nossas ações foram iniciadas com a capacitação de brigadistas sob instrução do Corpo de Bombeiros Militar do município de Feijó. Em seguida, equipes de brigadistas agiram no combate, monitoramento e conscientização da atividade do fogo, chegando a visitar 354 áreas queimadas, na Bacia do Juruá, incluindo a Reserva Extrativista Alto Juruá, a Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, a Floresta Estadual do Mogno e a Floresta Estadual do Rio Gregório, abrangendo os rios Juruá, Envira e Tarauacá”, destaca.
Centro de Triagem de Animais Silvestre – CETAS
A necessidade de uma estrutura específica, para o recebimento de animais silvestres, se fez necessária por não haver local fixo, fazendo com que eles se espalhassem entrem zoológicos em setor quarentenário e superintendências estaduais, o que dificultava o trabalho.
A instrução normativa n° 23/2014, artigo 2, diz que: “CETAS são unidades responsáveis pelo manejo de fauna silvestre com finalidade de prestar serviço de recepção, identificação, marcação, triagem, avaliação, recuperação, reabilitação e destinação de animais silvestres provenientes de ação fiscalizatória, resgates ou entrega voluntária de particulares e que poderá realizar e subsidiar pesquisas científicas, ensino e extensão”.
Elaine Oliveira, analista ambiental e chefe do Cetas – Acre, explica como o Centro de Triagem funciona.
“O Cetas foi inaugurado em Rio branco no ano de 2008. O Centro funciona como um local para recepção de animais silvestres no estado do Acre, onde os animais apreendidos, socorridos ou entregues de forma voluntaria são destinados para tratamento e devolução a natureza. É importante ressaltar que além disso, o Cetas também presta outros serviços, como controle de zoonoses, capacitação técnica de profissionais e o desenvolvimento de pesquisas cientificas”.
Período de maior pressão sobre a fauna silvestre
No período de queimadas, de junho a setembro, a demanda de animais que chegam para cuidados é maior. Animais queimados ou em fuga é comum nesse período. Vale ressaltar que o animal pode sofrer complicações de incêndios, não apenas pelas queimaduras, mas por intoxicação também.
“É possível ver o aumento crescente de animais que vieram de resgate no fogo. No período de junho a setembro a demanda desses animais é maior do que a suportado pelo espaço”, explica Elaine. 2017 -150 animais | 2018 -139 animais | 2019 - 200 animais.
A oficina continua na quinta-feira, 25, trazendo mais convidados voltados a área de resgate da fauna. Acesse a programação.