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Organizações de defesa ambiental se posicionam contra redução de áreas protegidas de Rondônia

Duas Unidades de Conservação estão sob ameaça de manobra política, dessa vez, no estado de Rondônia. Projeto de Lei Complementar nº 80/2020 propõe reduzir os limites da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e do Parque Estadual de Guajará-Mirim. Para oferecer resistência a esse retrocesso, organizações de defesa ambiental encaminharam ofício ao governador de Rondônia, Marcos Rocha, solicitando que seja retirada do PLC a remarcação dessas áreas protegidas.

Assinado pela SOS Amazônia, Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), Operação Amazônia Nativa (Opan), Pacto das Águas e Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé), o documento alerta para as inúmeras consequências socioambientais que essa desafetação pode causar sobre a conservação dos recursos naturais e a proteção dos povos indígenas que habitam a região.

Em caso de alteração dos limites territoriais, a Terra Indígena Karipunas perderá sua conexão com o Parque Estadual de Guajará-Mirim, o que poderá ocasionar redução na oferta de caça e caos fundiário, fragilizando ainda mais a população indígena e seu território.

Miguel Scarcello, secretário geral da SOS Amazônia, considera que, na contramão do pensamento vigente, as Unidades de Conservação não representam um entrave para o desenvolvimento econômico do estado, desde que potencializadas nos seus atributos sociais, econômicos e ambientais.

“É preciso pensar um uso para essas unidades, com visitação turística, desenvolvimento de pesquisa científica e promoção da educação ambiental. Há muita beleza a ser vista e muito a ser obtido na perspectiva da bioeconomia. Para tanto, é preciso investimento na elaboração e implementação de políticas públicas”, pontua.

Em última análise, a aprovação do PLC terá influência no avanço da degradação ambiental em Rondônia, como alteração do sistema climático e interferência no regime hídrico da bacia do Rio Madeira. Esses efeitos parecem distantes, mas serão percebidos no abastecimento de água para a população em geral e para as atividades do agronegócio, grande responsável pelo desenvolvimento econômico do estado.

Além disso, o retrocesso na política ambiental terá repercussão negativa no cenário mundial e impedirá o aporte de investimentos pelo mercado internacional de carbono e pagamento de serviços ambientais.

“A adoção de práticas de conservação ambiental só potencializa as atividades do setor agropecuário consolidado em Rondônia, além de enviar água para o agronegócio no centro-oeste e sudeste do país”, defende o documento. As organizações que assinam conjuntamente o ofício colocam-se à disposição do governo de Rondônia para ampliar e fortalecer os esforços rumo à sustentabilidade.
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